22 setembro 2010

Cerca de 85 por cento das raparigas nascidas em 1995 já foram vacinadas contra cancro do colo do útero

Mais de 47 mil raparigas nascidas em 1995 foram vacinadas contra o Vírus do Papiloma Humano (HPV), uma das causas do cancro do colo do útero, o que significa uma cobertura superior a 84 por cento, revelou a Direcção-Geral da Saúde.
A subdirectora-geral de Saúde, Graça Freitas, revelou que as raparigas que, em 2008, tinham 13 anos (nascidas em 1995) foram as primeiras a ser vacinadas contra o HPV, no âmbito do Programa Nacional de Vacinação (PNV). A vacina contra o HPV – uma das causas do cancro do colo do útero, carcinoma que mata mais de 300 mulheres por ano em Portugal – é administrada em três doses ao longo de seis meses.
Com a primeira dose foram vacinadas 89,4 por cento das raparigas, com a segunda dose 87,5 por cento e com a terceira, e última, 84,3 por cento. Os dados avançados por Graça Freitas revelam que a fasquia dos 80 por cento imposta pela DGS foi ultrapassada, o que “é excelente”, segundo Graça Freitas. “Perante estes dados, podemos dizer que 84,3 por cento das raparigas com 13 anos em 2008 (47 171) foram vacinadas contra o HPV”, adiantou.
Em 2009 a DGG avançou com a vacinação contra o HPV das raparigas com 17 anos, nascidas em 1992, tendo já sido vacinadas 45.067. A primeira dose foi administrada a 86 por cento das raparigas com esta idade, a segunda dose a 82,8 por cento e a terceira dose a 76,1 por cento. Embora mais baixos, estes valores são entendidos como “positivos” pela DGS que garante que esta medida profilática deve ser acompanhada de um rastreio e medidas de prevenção.Para já, a vacinação de mulheres está afastada do PNV, podendo estas adquirir a vacina, mediante prescrição médica, nas farmácias. A vacina contra o HPV entrou no PNV em 2008.

17 setembro 2010

Adaptação humana ao vírus da sida poderá ser lenta

Sabe-se que o VIH teve origem nos primatas. Muitas espécies vivem com um vírus semelhante chamado SIV (vírus de imunodeficiência símia, sigla em inglês), que não causa a sida nos macacos. Até agora, pensava-se que este vírus tinha apenas alguns séculos nos primatas, mas uma equipa da Universidade do Arizona, no Texas, descobriu que a origem do SIV pode ter entre 32 e 75 mil anos.
“O VIH é a carta fora do baralho porque todas as outras espécies de vírus de imunodeficiência impõem uma mortalidade muito mais reduzida nos seus hospedeiros”, disse por comunicado Michael Worobey, da Universidade do Arizona e primeiro autor do artigo.
“Por isso, se o SIV entrou em cena recentemente como antes se dizia, poderíamos pensar que alcançou uma virulência muito menor num curto espaço de tempo. Mas o que descobrimos sugere o oposto. Se o VIH vai evoluir para uma virulência mais pequena, é pouco provável que seja daqui a pouco tempo”, referiu o investigador.
A equipa foi à ilha africana de Bioko, que fica a algumas dezenas de quilómetros dos Camarões, para observar a evolução de várias espécies de SIV em diferentes macacos e comparou as populações da ilha com as do continente. A ilha está isolada há 12 mil anos, por isso partiram do princípio que os vírus evoluíram sozinhos ali quando deixou de haver ligação com o resto de África.
Os resultados dos modelos genéticos mostraram que o SIV tem entre 32 e 75 mil anos de idade, mas é possível ter mais de um milhão de anos.
“A biologia e geografia do SIV é tal que vai do oceano Atlântico ao Índico e passa pela ponta de África. Levaria muitos milhares de anos a espalhar-se tanto, não poderia acontecer em apenas dois séculos”, disse Preston Marx, outro autor do estudo, que trabalha no Centro de Investigação Nacional de Primatas de Tulane, em Los Angeles.
Estes dados mostram que a espécie humana pode ter estado em contacto com o SIV há muito mais tempo, apesar de este só se ter tornado pandémico no final do século passado. “Aconteceu algo no século XX que transformou este vírus relativamente benigno em algo muito mais potente, capaz de iniciar uma epidemia. Não sabemos qual foi o fenómeno de ignição, mas teve que haver um”, disse Marx.

03 setembro 2010

Nova descoberta na luta contra o vírus da sida

Investigadores israelitas anunciaram ter conseguido destruir em laboratório células infetadas pelo vírus da sida sem prejudicar células sãs, noticia hoje o diário Haaretz.

Os investigadores da Universidade hebraica de Jerusalém precisaram ter conseguido desenvolver um tratamento à base de péptidos (composto químico formado pela união de aminoácidos) que desencadeiam a autodestruição de células infetadas pelo vírus da imunodeficiência humana.
Até agora, as únicas terapias contra a sida visam destruir o vírus presente nas células, com risco de este voltar a aumentar se o tratamento for interrompido ou se o vírus desenvolver imunidade aos fármacos usados.
O investigador australiano Abraham Loyter explicou ao Haaretz que ao fim de duas semanas, as células visadas não tinham reaparecido, "de onde se pode concluir que foram destruídas".
Num artigo publicado a 19 de Agosto pela revista britânica AIDS Research and Therapy, a equipa israelita -- constituída por Aviad Levin, Zvi Hayouka, Assaf Friedler e Abraham Loyter -- estimava que o seu trabalho pudesse "eventualmente permitir desenvolver uma nova terapia" contra o HIV.
Em Julho, investigadores norte-americanos anunciaram ter descoberto dois potentes anticorpos capazes de bloquear, em laboratório, a maioria das origens conhecidas do HIV, tornando potencialmente possível o desenvolvimento de uma vacina eficaz.
Mais de um quarto de século depois da identificação do vírus, o HIV é responsável por mais de 30 milhões de mortos.