11 maio 2012

Peritos aprovam remédio como tratamento preventivo contra o vírus da sida

Um comité de especialistas recomendou a aprovação por parte da agência norte-americana que regula os medicamentos (FDA) das pílulas Truvada, para que passem a ser prescritas como preventivas d o risco de infecção pelo vírus HIV, responsável pela sida.




A pílula produzida pelos laboratórios Gilead Sciences Inc já é prescrita a pessoas portadoras do HIV mas nunca foi aprovado como método preventivo.

A decisão dos peritos foi tomada nesta quinta-feira e está a ser encarada em termos internacionais como a primeira vez que os peritos aprovam uma droga cuja função é prevenir a infecção de pessoas saudáveis que tenham comportamentos de risco. Porém, há especialistas internacionais que se questionam sobre o preço e a real eficácia preventina do Truvada, temendo ainda que os métodos actuais de prevenção da infecção possam ser simplesmente abandonados por aqueles que acreditarem na real eficácia do medicamento.

O comité de peritos apoia o medicamento por larga maioria. Após 11 horas de reunião, a votação foi claramente favorável. Esta decisão não significa a utilização imediata do medicamento como método preventivo – a FDA ainda terá de aprovar essa utilização. A agência não é obrigada a seguir as decisões dos peritos, mas de acordo com a BBC, é costume fazê-lo. A FDA deverá pronunciar-se em definitivo sobre a questão até 15 de Junho, de acordo com uma porta-voz citada por diferentes jornais norte-americanos.

O painel efectuou três votações após analisar o historial de testes e toda a documentação relativa ao uso do Truvada. Na primeira votação, que acabou com o resultado de 19 votos a favor e três contra, os peritos aprovaram o uso desta pílula como método preventivo para os grupos de maior risco, isto é, homens que fazem sexo com outros homens e que sejam seronegativos (não portadores do HIV).

Na segunda votação, que registou 19 votos a favor, dois contra e uma abstenção, foi aprovada a possibilidade de venda do medicamento para os casais heterossexuais em que um dos membros do casal seja seropositivo (portador do HIV). Finalmente, na terceira votação, o painel pronunciou-se sobre a venda do medicamento aos “outros indivíduos em risco de serem infectados por causa das suas actividades sexuais”. Neste caso, a votação foi mais dividida: 12 votos a favor, oito contra e duas abstenções.

O Truvada foi aprovado em 2004 para o tratamento de pessoas infectadas. Combina dois fármacos antirretrovirais (Viread e Emtriva), que lhe permitem controlar a carga viral de pessoas que sejam portadoras do HIV. A documentação encaminhada para os peritos que agora analisaram um alargamento do uso deste medicamento sustenta que, tomada diariamente, esta pílula reduz efectivamente o risco de infecção.

O comité ouviu diferentes profissionais de saúde e outros especialistas durante a reunião, alguns dos quais demonstraram a sua oposição. Uma enfermeira lembrou que a toma diária teria de ser seguida a 100% e isso não iria acontecer, relata a BBC. Outros testemunhos deram conta da preocupação de que isto poderia dar uma falsa sensação de segurança a quem tem comportamentos de risco. Pessoas saudáveis poderiam utilizar o Truvada como “drogas recreativas” em festas de fim-de-semana, aumentando assim o risco de resistência aos medicamentos e, desencorajando também o uso de preservativos, conta a Reuters.

10 maio 2012

Projetos contra a Sida em risco devido a "estrangulamento financeiro"

A presidente da Liga Portuguesa Contra a Sida, Maria Eugénia Saraiva, alertou, esta quarta-feira, para o "estrangulamento financeiro" que a instituição está a atravessar, e que coloca em risco os projetos de apoio aos doentes e o diagnóstico precoce do VIH.
Em entrevista à agência Lusa, a presidente da Liga Portuguesa Contra a Sida, Maria Eugénia Saraiva, adiantou que esta situação é transversal a outras organizações: "A crise está generalizada, mas muito mais nas instituições particulares de solidariedade social (IPSS)", que, no entanto, mantêm a ajuda.
"Queremos continuar a prestar estes apoios", mas a redução, em 2011, das ajudas financeiras às organizações não governamentais da sida veio dificultar esse auxílio.
Segundo Eugénia Saraiva, os apoios da verba já orçamentada em 2011 foram cortados em 75 por cento (%). "Todos os orçamentos dos projetos tiveram um corte de 20% sobre o orçamento de 2008".
Este ano, disse, o Ministério da Saúde informou que não serão abertos novos concursos. "Fomos ainda informados de que não se sabe como é que será de hoje para a frente".
Para a responsável, este "é um momento de angústia para todos aqueles que trabalham nestas organizações, mas muito maior para os principais destinatários das instituições".
A presidente da Liga considera que as instituições têm pela frente um desafio: "Não sabemos como vamos poder continuar a dar as respostas adequadas e com a mesma qualidade".
"Queremos continuar a trabalhar, mas está a ser difícil, porque estão em risco todos os projetos em curso e todas as ações e serviços que as IPSS prestam à comunidade, nomeadamente à população de grande vulnerabilidade", alertou.
Avisou ainda que está também em risco "o diagnóstico precoce do VIH/Sida, o controlo desta infeção": "Referi sempre que não podíamos baixar os braços e, neste momento, estão a cortar-nos a fórmula de garantir este apoio".
A Liga tem desenvolvido uma atividade de informação e educação junto da população, e continuado a apoiar gratuitamente as pessoas infetadas e os seus familiares, "mas, neste momento, também está a sofrer com o estrangulamento financeiro que todo Portugal sente e as IPSS mais ainda".
"Estamos há mais de duas décadas no combate ao VIH/Sida em Portugal e temos sentido, de ano para ano, as dificuldades que os portugueses têm em se manter solidários com a nossa causa, uma situação que se agravou muito mais este ano".
Nesse sentido, apelou, todos os apoios são fundamentais: "Por mais que pensem que o valor que podem dar é diminuto, para nós é muito importante, seja em termos de voluntariado, seja em termos financeiros".
Ao mesmo tempo que escasseiam os apoios, aumentam os pedidos de ajuda à LPCS.
"Os nossos utentes não têm dinheiro para comer e para comprar medicamentos generalistas". Para dar resposta a estas situações, a Liga abriu um serviço de apoio alimentar e de bens de higiene.
A presidente da LPCS lembrou que estes doentes, além de sofrerem de uma doença "bastante vulnerável", sofrem também do "vírus social da discriminação e do estigma".
"A crise afeta sempre os mais vulneráveis e afetará muito mais quem sofre de uma doença que, apesar de 22 anos decorridos da nossa ação no terreno, ainda sofre de um grande estigma social", lamentou.

http://www.jn.pt/PaginaInicial/Sociedade/Saude/Interior.aspx?content_id=2506528&page=-1

HPV provoca anualmente 11 mil casos de lesões genitais masculinas

O papilomavírus humano (HPV) provoca anualmente mais de 11 mil novos casos de lesões genitais nos homens, segundo um estudo da Escola Nacional de Saúde Pública, que sublinha que esta não é uma doença exclusivamente feminina.


Entre 75% e 80% dos homens e mulheres sexualmente ativos deverão ser infetados pelo HPV, ao longo da vida. Os homens, que até há pouco tempo eram apenas vistos como transmissores, são afinal muitas vezes afetados por um vírus que pode causar vários tipos de cancros e diversas doenças genitais.
A vacina contra quatro tipos de HPV (6, 11, 16 e 18), que até agora era indicada apenas para as mulheres até aos 45 anos, passou a estar também indicada para os homens até aos 26 anos.
Um estudo europeu - "HPV Vaccination - Quantitative Market Assessment for Boys and Young Men" - revela que apenas metade dos homens portugueses, com idades entre os 18 e 26 anos, tem conhecimento da existência do HPV. Destes, apenas pouco mais de metade (55%) acredita estar em risco de contacto com o vírus.
De acordo com um estudo da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), os tipos de HPV contidos na vacina quadrivalente são responsáveis por vários tipos de cancros em ambos os sexos. Os condilomas (lesões) genitais são a doença por HPV mais frequente em Portugal, "causando cerca de 11.100 novos casos por ano no sexo masculino, o que representa um custo de cerca de 2,5 milhões de euros em diagnóstico e tratamento".
A vacina para o HPV foi lançada em Portugal em 2007, estando incluída no Programa Nacional de Vacinação, desde 2008, para adolescentes do sexo feminino com 13 anos.
De acordo com um estudo da Escola Nacional de Saúde Pública, os vírus de HPV 6, 11, 16 e 18 são responsáveis por 752 casos de cancro do colo do útero e 58 cancros da vulva e da vagina. Nas mulheres, todos os anos surgem cerca de 8.800 novos casos de condilomas genitais.
O HPV é um vírus que infecta os tecidos e mucosas em locais diferentes do corpo. Normalmente o organismo elimina o vírus sem manifestar sintomas. Porém, num número significativo de casos, o vírus pode infetar o tecido com persistência, causando lesões que podem evoluir para cancro.
Estima-se que os tipos 6 e 11 do HPV são responsáveis por cerca de 90% dos casos de condilomas (verrugas) genitais.
Já os tipos 16 e 18 do HPV são responsáveis por cerca de 70% dos casos de cancro do colo do útero, 80% dos casos de adenocarcinoma in situ, 45% a 70% dos casos de lesões pré-cancerosas do colo do útero.
Estes dois tipos de virus estão ainda associados a 70% dos casos de lesões pré-cancerosas da vulva e da vagina e de lesões pré-cancerosas do ânus, 80% dos casos de cancro anal e 50% dos casos de cancro do pénis relacionados com HPV.



http://www.jn.pt/PaginaInicial/Sociedade/Saude/Interior.aspx?content_id=2497325&page=-1