09 julho 2013

Bill Gates vai dar prémio ao preservativo «perfeito»

A maioria dos homens não gosta de usar preservativo. Esse é um obstáculo de saúde pública que levou a Fundação Bill e Melinda Gates a abrir inscrições para um grande desafio: desenvolver «o preservativo da próxima geração, que preserve ou aumente o prazer de modo significativo».


Bill Gates vai dar prémio ao preservativo «perfeito» 

O objectivo é enfrentar a gravidez indesejada e as doenças sexualmente transmissíveis, como a sida. O contraceptivo evita as duas coisas de forma barata e eficaz. Mas, em todo o mundo, somente 5% dos homens usam-no. Enquanto isso, surgem 2,5 milhões de novas infecções por HIV por ano.
«A diminuição do prazer sexual é geralmente a justificação dada para não usar o preservativo», disse Stephen Ward, director do programa da Fundação Gates. «Podemos realmente torná-los mais desejáveis?»
Mais de 500 inscrições foram recebidas. O concurso da Gates vai dar aos vencedores 100 mil dólares este Outono e até 1 milhão de dólares mais tarde. Especialistas em preservativos - alguns dos quais estudam o assunto há anos - têm ideias sobre o que pode dar certo ou não.
«Os homens gostariam, em primeiro lugar, de não sentir que estão a usá-los», disse Ron Frezieres, vice-presidente de pesquisa e avaliação do Conselho de Saúde Familiar da Califórnia, que há muito tempo testa preservativos para a indústria, o governo e organizações sem fins lucrativos. «Em segundo, têm de ser um pouco melhor do que o que eles estão acostumados.»
No mundo em desenvolvimento, os preservativos levantam outras questões. Em algumas culturas, os homens resistem tanto ao uso do preservativo que as mulheres têm de fazer uma «negociação». Além disso, as mulheres que portam os contraceptivos podem ser consideradas prostitutas.





03 julho 2013

Dois homens com VIH livres de anti-retrovirais após transplante de medula

Especialistas dos EUA confirmam o sucesso da descoberta anunciada há um ano quando perceberam que dois homens infectados com VIH não apresentavam sinais do vírus após terem sido submetidos a um transplante de medula. Agora os mesmos especialistas dizem que estes homens já não estão a tomar anti-retrovirais.


Em Julho do ano passado, na Conferência Internacional sobre sida, os especialistas de um hospital norte-americano anunciavam cautelosamente que dois homens infectados com VIH e que tinham sido submetidos a um transplante de medula por causa de um linfoma não apresentavam sinais do vírus após o tratamento ao cancro. Agora, um ano depois e na mesma conferência internacional, os especialistas do Hospital Brigham and Womens (Massachusetts) confirmam o sucesso da descoberta. Depois de lhes ter sido retirada a medicação de anti-retrovirais, os dois pacientes continuam sem sinais do VIH.

É mais um passo numa promessa. Com cautela, uma equipa de especialistas de um hospital norte-americano volta a falar nos casos de sucesso em que se parece estar perante uma possível cura de sida. Situações especiais e excepcionais como terá sido o primeiro caso deste género em que um homem chamado Thimothy Brown – que ficou conhecido como o doente de Berlim – ficou na história da Medicina como “único doente curado de sida” (após ter sido submetido também a um transplante de medula). Outro caso, mas com contornos diferentes, um bebé norte-americano cuja mãe era seropositiva e que começou a ser tratado com doses terapêuticas de anti-retrovirais contra o VIH horas após o nascimento e que entrou em remissão.

Desta vez, a identidade dos dois homens está a ser preservada. Os especialistas estão optimistas mas consideram que é muito cedo para poder falar em mais duas pessoas curadas. Porém, segundo anunciaram agora na Conferência Internacional sobre Sida, estes dois homens estão há vários meses sem medicação anti-retroviral e o vírus não voltou a ser detectado nas análises a que são sujeitos. Um dos pacientes estará há já quatro meses livre de medicação. No entanto, os especialistas sabem que este complexo vírus cria reservatórios no organismo onde se pode esconder e, por isso, é preciso esperar mais tempo.

Os dois homens estavam infectados há 30 anos e ambos desenvolveram um cancro que exigia um transplante de medula. A medula é precisamente um dos locais preferidos do vírus para se alojar. Depois do transplante, as análises não detectaram o vírus no sangue dos doentes, um deles por um período de dois anos e outro durante os quatro anos seguintes ao tratamento.

Há poucos meses, os dois deixaram de tomar medicação para o VIH. Num caso a interrupção aconteceu há 15 semanas, noutro apenas há sete. Por isso, sublinham os médicos, ainda é cedo para declarar que o vírus desapareceu para sempre.
“Não podemos dizer que estamos perante a cura, precisamos de seguir estes doentes durante mais tempo. O que podemos dizer é que o vírus desapareceu por um ano ou mesmo dois depois de pararmos o tratamento, as hipóteses de recidiva são extremamente baixas”, adiantou em declarações à BBC Timothy Henrich, um dos especialistas que apresentaram estes casos. Apesar de o vírus não ser detectado nas análises, os médicos salvaguardam que poderá estar “escondido” no tecido do cérebro ou no tracto intestinal.

Andrea Cunha Freitas 03/07/2013 - 14:22


http://www.publico.pt/ciencia/noticia/dois-homens-com-vih-livres-de-antiretrovirais-apos-transplante-de-medula-1599131