A busca de uma vacina, ou de uma terapêutica contra a obesidade é algo em que a ciência tem vindo a investir devido não só ao crescimento da doença por todo o mundo (Portugal tem 12,8 por cento de obesos e ocupa a 15 posição no ranking mundial), mas também devido à relação da obesidade, como factor de risco, com as patologias cardíacas ou com a diabetes.
Já uma equipa norte-americana, do prestigiado Scripps Research Institute, na Califórnia, EUA, tinha desenvolvido em 2006, uma vacina testada em animais, a EpiVax, que, contudo, ainda não percorreu também o longo caminho até chegar aos ensaios clínicos em humanos.
Mariana Monteiro explicou ao PÚBLICO como actua esta vacina e no que difere da experiência de 2006: “O princípio é o mesmo, aliás foi esse o estudo que nos serviu de inspiração como prova de conceito. No entanto, a vacina apresentada em 2006 usava a BSA (bovine serum albumin) como transportador, existindo várias limitações à sua utilização em humanos uma vez que são proteínas bovinas e têm riscos biológicos potenciais. A nossa equipa utiliza uma molécula semelhante a um vírus já utilizada noutras estratégias vacinais em humanos, o que significa que se os estudos forem favoráveis nos animais podem ser directamente transpostos para o humano.”
A vacina actua através da supressão da actividade de uma hormona estimulante do apetite, a grelina. Em ratinhos, esta vacina conseguiu diminuir a vontade de ingerir alimentos e aumentou o gasto de calorias”.
“Em estudos preliminares realizados não encontramos sinais de toxicidade, pelo que a grande vantagem da nossa vacina em comparação com a anterior é a sua potencial segurança”, diz a investigadora.
Segundo a investigadora, os efeitos da vacina são idênticos aos que se obtém com a cirurgia bariátrica. “Quando os doentes são operados, quando fazem por exemplo um ‘bypass’ gástrico, os níveis de grelina não aumentam e, portanto, as pessoas têm um aumento da saciedade que é atribuível à manutenção dos níveis baixos dessa hormona”, disse.
E a vacina permitirá também evitar a recuperação de peso depois de dietas, exercício ou cirurgia, inibindo esta hormona: “É o que designamos como efeito ioiô”, sintetizou.
No entanto mariana Monteiro frisa que a vacina deverá ser sempre combinada com dieta e exercício físico”.
Mariana Monteiro frisa que a transposição para o domínio humano destes resultados, apresentados no passado fim-de-semana na Reunião Anual da Sociedade de Endocrinologia, que decorreu em Boston, nos EUA, obriga à realização de muitos outros estudos, que deverão prolongar-se por vários anos.
“Em média, desde a descoberta de uma nova molécula à sua introdução no mercado, demora entre 10 e 15 anos.”
A equipa prevê a publicação em breve dos seus resultados numa revista científica. Mas a recepção aos resultados apresentados à comunidade científica em Boston foi muito calorosa, diz a investigadora.
Ana Machado
http://www.publico.pt/Ciências/equipa-da-universidade-do-porto-trabalha-em-vacina-contra-a-obesidade_1498231
Já uma equipa norte-americana, do prestigiado Scripps Research Institute, na Califórnia, EUA, tinha desenvolvido em 2006, uma vacina testada em animais, a EpiVax, que, contudo, ainda não percorreu também o longo caminho até chegar aos ensaios clínicos em humanos.
Mariana Monteiro explicou ao PÚBLICO como actua esta vacina e no que difere da experiência de 2006: “O princípio é o mesmo, aliás foi esse o estudo que nos serviu de inspiração como prova de conceito. No entanto, a vacina apresentada em 2006 usava a BSA (bovine serum albumin) como transportador, existindo várias limitações à sua utilização em humanos uma vez que são proteínas bovinas e têm riscos biológicos potenciais. A nossa equipa utiliza uma molécula semelhante a um vírus já utilizada noutras estratégias vacinais em humanos, o que significa que se os estudos forem favoráveis nos animais podem ser directamente transpostos para o humano.”
A vacina actua através da supressão da actividade de uma hormona estimulante do apetite, a grelina. Em ratinhos, esta vacina conseguiu diminuir a vontade de ingerir alimentos e aumentou o gasto de calorias”.
“Em estudos preliminares realizados não encontramos sinais de toxicidade, pelo que a grande vantagem da nossa vacina em comparação com a anterior é a sua potencial segurança”, diz a investigadora.
Segundo a investigadora, os efeitos da vacina são idênticos aos que se obtém com a cirurgia bariátrica. “Quando os doentes são operados, quando fazem por exemplo um ‘bypass’ gástrico, os níveis de grelina não aumentam e, portanto, as pessoas têm um aumento da saciedade que é atribuível à manutenção dos níveis baixos dessa hormona”, disse.
E a vacina permitirá também evitar a recuperação de peso depois de dietas, exercício ou cirurgia, inibindo esta hormona: “É o que designamos como efeito ioiô”, sintetizou.
No entanto mariana Monteiro frisa que a vacina deverá ser sempre combinada com dieta e exercício físico”.
Mariana Monteiro frisa que a transposição para o domínio humano destes resultados, apresentados no passado fim-de-semana na Reunião Anual da Sociedade de Endocrinologia, que decorreu em Boston, nos EUA, obriga à realização de muitos outros estudos, que deverão prolongar-se por vários anos.
“Em média, desde a descoberta de uma nova molécula à sua introdução no mercado, demora entre 10 e 15 anos.”
A equipa prevê a publicação em breve dos seus resultados numa revista científica. Mas a recepção aos resultados apresentados à comunidade científica em Boston foi muito calorosa, diz a investigadora.
Ana Machado
http://www.publico.pt/Ciências/equipa-da-universidade-do-porto-trabalha-em-vacina-contra-a-obesidade_1498231
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