Dois investigadores portugueses
descobriram um novo teste para diagnóstico da tuberculose, mais rápido e
mais barato, um feito que lhes valeu a atribuição de um prémio de
mérito que será entregue na sexta-feira.
Pedro Viana Baptista, do
Departamento de Ciências da Vida da Faculdade de Ciências e Tecnologia
da Universidade Nova, e Miguel Viveiros Bettencourt, do Instituto de
Higiene e Medicina Tropical, descobriram um sistema inovador para
detetar o agente etiológico da tuberculose e as mutações mais
frequentemente implicadas na resistência a antibióticos.
Em
declarações à Lusa, Pedro Baptista explicou que "dentro das
problemáticas da tuberculose, um dos principais fatores de combate é a
identificação da infeção", nomeadamente porque as técnicas são demoradas
ou muito caras e grande parte da tuberculose dá-se em países sem
recursos financeiros.
Além disso, a tuberculose "tem ganho mecanismos de resistência" que dificultam ainda mais a sua deteção.
No
estudo premiado, intitulado "Nano TB Nanodiagnostics for XDRT at a
point-of-need", utiliza-se um sistema de nanotecnologia para fazer um
diagnóstico molecular e identificar a presença, ou não, do organismo e
se tem padrão de resistência.
"Utilizam-se nanoparticulas de
ouro, que ficam estáveis e apresentam uma coloração vermelho rubi quando
detetam a presença de DNA do microrganismo que causa a tuberculose e
sequencias associadas à resistência a antibióticos", explicou.
Em
contrapartida, na ausência do microrganismo, as nanoparticulas não
ficam estáveis e, juntando-lhes sal, adquirem uma coloração azul,
acrescentou.
Por serem necessárias apenas pequenas quantidades, é
possível cortar no preço, salientou o investigador, especificando que,
tendo em conta apenas o cálculo do custo direto (sem margem de lucro),
esta técnica é 10 vezes mais barata do que as atualmente utilizadas.
Pedro Baptista adiantou que este modelo de deteção já funciona e está em fase de validação.
Uma
vez alcançado este primeiro objetivo, poderá ser feita a transposição
do laboratório para regiões onde as populações são mais afetadas pela
doença e onde existem mais fracos recursos.
"Pode ser usado
descentralizadamente, em hospitais de campanha, independente de todas as
tecnologias", explicou, comparando com os testes de gravidez que se
compram nas farmácias.
O investigador afirmou existirem já algumas empresas nacionais e alguns consórcios europeus interessados na transferência de tecnologia do protótipo.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a tuberculose persiste como uma das mais sérias doenças infeciosas a nível global, com cerca de 1,1 milhões de mortes e 8,8 milhões de novos casos em 2010.
O Prémio de Mérito Científico Santander Totta/Universidade Nova será entregue numa cerimónia a decorrer sexta-feira na reitoria da Universidade Nova, com a presença de Jorge Sampaio, enviado do secretário-geral das Nações Unidas para a tuberculose, e do diretor-geral da Saúde, Francisco George.
http://www.jn.pt/PaginaInicial/Sociedade/Saude/Interior.aspx?content_id=2416349&page=-1
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