17 janeiro 2008

Proteína do Sémen Pode Ser Factor Chave na Luta Contra a SIDA


Numa recente descoberta que pode, por um lado explicar a razão pela qual o VIH é transmitido por via sexual, e, por outro, oferecer uma estratégia para o travar, cientistas Alemães identificaram uma proteína presente no sémen que aumenta o potencial infeccioso do vírus em cerca de 100.000 vezes.

A descoberta ocorreu quando cientistas da Universidade de Ulm efectuavam um rastreio molecular a amostras de sémen na esperança de encontrar alguma molécula que fosse capaz de bloquear naturalmente o VIH. Em vez disso, encontraram fragmentos proteicos que promovem a infecção por VIH por se agruparem, juntamente com proteínas virais férreas, à superfície celular.

"Esta é uma das mais interessantes novas perspectivas acerca da transmissão do VIH a surgir em anos", disse o Dr. Warner Greene, director do Instituto de Virologia e Imunologia de Gladstone em São Francisco. Segundo ele, as novas revelações podem vir dar resposta a uma questão que há muito deixa os investigadores perplexos: porque é que um vírus que é tão pouco infeccioso em laboratório se pode transmitir de um modo tão eficiente através de contacto sexual. Os cientistas descobriram que são necessárias entre 1.000 a 100.000 partículas de VIH para produzir com sucesso uma infecção em laboratório. Mas quando são adicionadas as proteínas recém-identificadas, isso pode ser conseguido com um número tão reduzido de partículas virais quanto três.

Esta descoberta levanta, por outro lado, a possibilidade de que bloquear a molécula – à qual foi atribuída a designação de Potenciador de Infecção Viral Derivado de Sémen, ou PIVDS (Semen-Derived Enhancer of Virus Infection , ou SEVI, em inglês) – pode tornar muito mais difícil a transmissão do VIH.

Podem agora ser conduzidos novos estudos para averiguar qual a prevalência da proteína no seio de populações em risco, declarou o Dr. Jay Levy, virologista na Universidade da Califórnia - São Francisco e um dos primeiros investigadores a isolar o VIH. Sémen proveniente de homens infectados com VIH cujos parceiros permanecem não infectados apesar de manterem relações sexuais desprotegidas, por exemplo, pode ser analisado para verificar se a proteína está presente ou se esta encontra de algum modo bloqueada.

O relatório completo, "Semen-Derived Amyloid Fibrils Drastically Enhance HIV Infection" foi publicado na revista Cell (2007;131:1059-1071).

San Francisco Chronicle (12.14.07):: Sabin Russell

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