14 fevereiro 2012

Maioria das jovens universitárias esquece-se de tomar a pílula

Apenas uma em cada cinco jovens que utiliza a pílula "nunca" se esquece de a tomar, revela um estudo nacional, que alerta para a elevada percentagem de mulheres em risco de gravidezes não-desejadas. 

O "Inquérito Sobre Saúde Sexual e Reprodutiva dos Jovens Universitários" foi levado a cabo em 15 universidades, durante o mês de Janeiro.
A Associação para o Planeamento da Família (APF) divulgou, esta segunda-feira, os resultados dos 2741 inquéritos que indicam que dois em cada três jovens (64%) usam apenas um método contraceptivo: o preservativo aparece em primeiro lugar (49%), seguido da pílula (38%).
No entanto, "apesar da pílula ser um dos métodos contraceptivos mais referenciado, cerca de 76% das utilizadoras reconhecem esquecer a sua toma, expondo-se a uma gravidez não-desejada", refere o estudo que entrevistou jovens com uma média de idades que rondava os 21 anos.
"Apenas 1/5 das estudantes, actualmente a tomar a pílula, declara nunca se esquecer de a tomar, existindo desta forma uma elevada percentagem de utilizadoras em risco de gravidez indesejada/não planeada", lê-se no estudo divulgado na véspera do Dia Europeu da Saúde Sexual.
Seis por cento das universitárias dizem que se esquecem pelo menos uma vez por mês de tomar a pílula, sendo que 4,8% admitiram mesmo esquecer-se "muitas vezes", refere o estudo que nestas questões em concreto teve por base 939 respostas.
No total, apenas 5% dizem não usar qualquer método contraceptivo, apesar de 18% dos inquiridos não responderem qual a forma de contracepção que usa. São muito poucos (2%) os que desconhecem que nos centros de saúde são disponibilizados gratuitamente métodos contraceptivos.
Os investigadores perceberam ainda que a predisposição da população universitária para a utilização de métodos alternativos de contracepção está directamente dependente do conhecimento que têm sobre os mesmos.
Na véspera do Dia dos Namorados, o estudo revela que a maior parte dos estudantes só refere três a cinco métodos contraceptivos, sendo que os estudantes do norte conhecem menos alternativas na contracepção em relação ao sul. Os métodos mais referidos continuam a ser o preservativo masculino, pílula e os dispositivos ou sistemas intrauterinos.
No entanto, o conhecimento de alternativas aos métodos convencionais (preservativo e pílula) é amplamente mais reduzido: o anel vaginal, em conjunto com outras opções, é referenciado somente por 30% dos estudantes.
Somente 0,5% referiu utilizar o anel vaginal, sendo que quase metade (48%) dos jovens desconhecia que este era um método contraceptivo hormonal que se introduz na vagina com um período de actuação de três semanas.
O desconhecimento dos jovens sobre a saúde sexual e reprodutiva verifica-se quando quase metade dos jovens (46%) afirma desconhecer que o 1.º dia de um ciclo corresponde ao 1.º dia da menstruação e 49% acredita que a infecção sexualmente transmissível Clamídia é uma simples infecção urinária.
"Apesar de uma percentagem baixa, não deixa de ser preocupante que 4,3% dos estudantes considerarem como 'verdadeiro'" o pressuposto de que "só homossexuais, prostitutas e toxicodependentes podem ser infectados pelo VIH/Sida", refere ainda o estudo a que a Lusa teve acesso.
Lembrando que o grupo de pessoas inquiridas se trata de jovens universitários com "acesso privilegiado à informação", os investigadores consideram que "existe ainda um longo caminho a percorrer no esclarecimento e na informação desta população". 


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