28 novembro 2008


Realiza-se pelo segundo ano consecutivo, na discoteca Ar D'Rato, a Gala de Transformismo promovida pela Associação Existências, no âmbito das comemorações do Dia Mundila de Luta Contra a SIDA - 1 de Dezembro.

A Associação Existências, no âmbito dos seus projectos, irá realizar em colaboração com a IC0 (associação cultural), o evento Plastic Session 2, dia 28 de Novembro, na discoteca Via Latina, em Coimbra.
Este evento está incluído nas comemorações do 1 de Dezembro, Dia Mundial de Luta Contra a SIDA.

26 novembro 2008

1 de Dezembro

No dia 1 de Dezembro comemora-se o Dia Mundial de Luta Contra a Sida, evento ao qual a Associação Existências não poderia deixar de se associar.
As actividades a desenvolver incluem:

Dia 26 (quarta-feira): Conversas na rua
Praça da República (entre as 14 e as 19 horas), estando presentes ainda o CAD e a APF
Actividade de Rua: conversas com as pessoas que circulam sobre a importância da prevenção na área do VIH/ Sida; sensibilizar para a importância de realização regular do teste de detecção de anticorpos VIH; distribuição de materiias informativos

Dia 28 (sexta-feira): Plastic Session 2
Discoteca Via Latina, em colaboração com a associação ICO. Com a presença da Cosa Nostra.
Jantar seguido de diversas actividades.
(Presença no jantar dependente de inscrição)

Dia 30 (domingo): Festa Trans
Discoteca Ar D´Rato (a partir das 24h)
Evento de transformismo promovido pela Existências

Dia 1 (segunda-feira): Dia Mundial de Luta Contra a SIDA
Baixa de Coimbra e Parque Verde (entre as 15 e as 19 horas)
Actividade de Rua: conversas com as pessoas que circulam sobre a importância da prevenção na área do VIH/ Sida; sensibilizar para a importância de realização regular do teste de detecção de anticorpos VIH; distribuição de materiais informativo.

Contamos com todos os que se queiram juntar a nós!!

10 novembro 2008

Portugal lidera nas infecções de VIH associadas à droga

Portugal é o segundo país com menos jovens coonsumidores de injectáveis "Portugal continua a ser o País com maior incidência de sida relacionada com o consumo de droga injectável", diz o relatório do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (OEDT) divulgado ontem, em Bruxelas. Para Lisboa segue o desonroso primeiro lugar por infecções de VIH ligadas à utilização de drogas. Isto, apesar de as autoridades nacionais relatarem, entre 2005 e 2006, uma tendência decrescente.

Em contrapartida, Portugal é, entre dezanove países considerados, o segundo onde existem menos consumidores jovens de drogas injectáveis. Em 2006, Portugal comunicava mais de 66 casos de infecção de VIH por milhão de habitantes e 22 de sida. Na partilha dos lugares cimeiros, embora bastante distantes, estão os dois bálticos, Estónia e Letónia. Para o OEDT, o consumo de heroína pela via injectável nestes países " regista índices desproporcionadamente elevados de novas infecções e são responsáveis por uma percentagem significativa dos novos casos de VIH". Assim, relatório conclui, por isso, que os números "sugerem uma persistência de altos níveis de transmissão nestes países".

No capítulo da mortalidade, um dos custos mais pesados do consumo de droga na Europa, Portugal ocupa o nono lugar em 28 países (aqui, contabilizaram-se os 27 Estados-membros da União Europeia e a Noruega), com uma taxa de pouco mais de 30% por milhão de habitantes. Esta rubrica contempla as mortes induzidas directa e indirectamente pelo consumo de drogas. No entanto, o estudo aponta que 90% do número de mortes indirectamente derivadas do consumo, como as doenças infecto-contagiosas, acontecem, acima de tudo, no sul da Europa.

Wolfgang Götz, director do OEDT, sublinha que "os dados sugerem que o recrutamento de novos consumidores de heroína continua a produzir-se a uma frequência tal que é possível garantir que o problema não diminuirá significativamente num futuro próximo". Todos os anos, entre sete e oito mil europeus morrem devido à utilização de opiáceos, sendo a overdose a causa mais comum entre a população mais jovem, acrescentou.

ALEXANDRA CARREIRA
NATACHA CARDOSO -ARQUIVO DN

http://dn.sapo.pt/2008/11/07/sociedade/portugal_lidera_infeccoes_vih_associ.html

16 julho 2008

Investigações no âmbito do VIH/Sida

Os infectados com VIH/Sida que continuaram a consumir drogas «têm perturbações cognitivas maiores» associadas à infecção do que aqueles que contraíram o vírus por via sexual, segundo um estudo português.
Os doentes infectados com VIH têm alterações mais ou menos frequentes e variáveis ao nível do funcionamento mental, que podem oscilar desde pequenas perturbações na atenção até à demência. «Deve-se sobretudo à predilecção do vírus pelo sistema nervoso central», explicou o investigador, referindo que o vírus altera o funcionamento cerebral, como dificulta a acção dos medicamentos retrovíricos no sistema nervoso central.

Os resultados preliminares do projecto «quando a infecção ameaça a mente - uma investigação sobre a deterioração cognitiva associada à infecção pelo VIH», a decorrer na Faculdade de Medicina do Porto, são agora conhecidos.
O psiquiatra e investigador Miguel de Bragança referiu estarem analisados cerca de 2/3 da amostra de 130/150 indivíduos medicados e acompanhados na consulta externa de doenças infecciosas do Hospital de S. João (Porto).

A amostra apenas inclui pacientes com menos de 50 anos, uma vez que acima dessa idade podem existir perturbações cognitivas causadas pelo envelhecimento.
Este estudo pretende não só caracterizar a população quanto às alterações cognitivas, como descobrir «preditores da deterioração». «O ideal seria sabermos que doente, com determinadas características, sexo e escolaridade irá deteriorar os níveis cognitivos mais ou menos que um outro», referiu à Lusa.

Para Miguel de Bragança, conseguir prever alterações mentais seria uma «arma muito importante para serem utilizados mecanismos de reabilitação cognitiva dos doentes». «Já protegemos o doente de múltiplas patologias que pode ter, mas assim teríamos uma arma acrescida para reabilitar os défices cognitivos como os da atenção, concentração, velocidade psico-motora, processamento da informação, função executiva, raciocínio abstracto, memória de invocação. Seria no fundo reabilitação da aprendizagem e do funcionamento de nós com o mundo», comentou.
A investigação decorre há um ano e deve prolongar-se por mais 12 meses. Além deste projecto, mais cinco, entre 16 candidatos, vão receber bolsas de investigação para apoio a doutoramento na área da infecção por VIH/Sida da Fundação GlaxoSmithKline.

Na lista está ainda a investigação Infecção dupla VIH-1/VIH-2: consequências clínicas, imunológicas e virológicas. O estudo de Sara Simões Lino tem por base a ligação Portugal/África, em especial, à Guiné-Bissau e Cabo Verde, e que faz de Portugal o país que tem maior incidência na União Europeia de infectados por VIH-2 (463 casos notificados até 31 de Dezembro último).

Diário Digital / Lusa

10 julho 2008

Sexo dos Anjos 1

Sexo dos Anjos



Nova campanha da Coordenação Nacional para a Infecção VIH/Sida

07 abril 2008

Dia Mundial da Saúde

Hoje, dia 7 de Abril, comemora-se o Dia Mundial da Saúde.

Esta ano a Direcção Geral da Saúde, para assinalar a data, escolheu como tema central: Investir em Saúde para um Futuro.
Com a escolha deste tema pretende-se debater as questões relacionadas com a segurança internacional em saúde, num mundo globalizado, onde as doenças infecciosas, as ameaças emergentes, os desastres naturais e as alterações ambientais não conhecem fronteiras e têm um impacto na segurança colectiva de todas as pessoas.

31 março 2008

SIDA no mundo em 2007

UNAids contabiliza 33 milhões de infectados
Em 2007, vivem no mundo 33.2 milhões de pessoas infectadas com o vírus da imunodeficiência adquirida (VIH). Destas, 15.4 milhões são mulheres e 2.5 milhões crianças abaixo dos 15 anos de idade. Só em 2007 foram infectadas 2.5 milhões de novas pessoas, tendo morrido da doença 2.1 milhões em todo o mundo. Estes são os mais recentes dados que caracterizam o estado do VIH/Sida no mundo, divulgados pela UNAids – Programa das Nações Unidas para o VIH/Sida e pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no relatório “2007 AIDS Epidemic Update”. As entidades reduziram, no entanto, as estimativas do número de infectados com o vírus da Sida de 40 milhões, em 2006, para 33 milhões de pessoas, em 2007.
Apesar de a taxa de novos casos e de mortalidade pela doença estar a diminuir, as estimativas apontam para o surgimento de 6800 novos casos por dia e cerca de 5700 mortes. Desde 2001, quando foi assinada a Declaração de Compromisso VIH/Sida das Nações Unidas, o número de pessoas a viver com o vírus na Europa de Leste e Ásia Central aumentou mais de 150 por cento, de 630 mil para 1.6 milhões de casos em 2007. Na Ásia, estima-se que o número de infectados no Vietnam tenha duplicado entre 2000 e 2005 e que a Indonésia apresenta o crescimento mais rápido da epidemia.
África é o continente que, de longe, regista o maior número de casos, enquanto que certas zonas da Ásia apresentam as taxas de crescimento de infecções mais rápidas. Na África Subsariana, existem cerca de 22,5 milhões de pessoas infectados pelo VIH, mas o número de novos casos anuais (1.7 milhões) é menor do que os registados nos anos precedentes. Na Ásia, existem 4,9 milhões de pessoas que sofrem desta condição, sendo que o Vietnam duplicou o número de casos desde o ano 2000. Os dados dão conta de que, em 2007, foram infectadas 2.5 milhões de pessoas, um valor abaixo do ponto alto registado no final dos anos 90, onde se registavam cerca de três milhões de novas infecções por ano.
A queda do número de mortes anuais para 2.1 milhões deve-se ao maior acesso a medicamentos anti-retrovirais e tratamentos. A UNAids diz que os casos passaram de 39,5 milhões, em 2006, para 33,2 milhões, em 2007. Peter Piot, director executivo da UNAids, diz que «os dados agora aperfeiçoados mostra-nos uma imagem clara da epidemia da Sida, apresentando-nos os desafios e as oportunidades. Inquestionavelmente, estamos a ter o retorno do investimento realizado. Mas temos de expandir os nossos esforços, para reduzir significativamente o impacto da Sida a nível mundial».

21 março 2008

"Intervenção de Rua"

Acção Nº 1


Datas previstas:
12 de Abril (Sábado) das 14h às 19h

19 de Abril (Sábado) das 9h às 13h e das 15h às 19h

Local: Faculdade de Psicologia e Ciências de Educação Universidade de Coimbra

Para mais informações contactar: 96 652 69 76 (Ângela Marques)

a.existencias@gmail.com

13 março 2008

Sida: 10% dos universitários pensa que pílula é suficiente

Um em cada 10 estudantes universitários de Coimbra acredita que a pílula anticoncepcional protege da infecção por VIH/Sida, segundo um inquérito da investigadora Aliete Cunha-Oliveira, da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.

Em declarações à agência Lusa, a autora do estudo referiu que a «desculpa» da contracepção oral para não usar preservativo «é, sem dúvida, um dado preocupante» e garantiu não compreender de «onde pode ter vindo tal ideia».

«Creio que esse dado terá de fazer pensar os criadores de mensagens e os responsáveis pelas políticas de prevenção e de saúde dos adolescentes e jovens», alertou Aliete Cunha-Oliveira, lembrando que a esta realidade «pode não ser alheio o modelo da oferta de serviços de saúde» centrado na prevenção da gravidez ou no rastreio de infecções e cancros da mulher jovem.

Para o não uso do preservativo, 13 por cento dos jovens apontaram a questão do preço. Outro resultado indica que 41 por cento dos jovens manifestou «embaraço» em adquirir o preservativo dentro da faculdade.

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=62&id_news=322978&page=0

10 março 2008

Encontra-se a circular em Coimbra, na linha 19, um autocarro dos SMTUC, com o logotipo da Existências e uma mensagem alusiva à Luta Contra o HIV/SIDA.
Estejam atentos à sua passagem!

06 fevereiro 2008

Investigadores identificam 273 proteínas humanas que têm um papel importante na transmissão do VIH e progressão da doença


Investigadores da Harvard Medical School identificaram 273 proteínas humanas que o VIH usa para infectar as células e reproduzir-se, segundo um estudo publicado na revista Science, reporta o New York Times. Segundo o Times, as descobertas deste estudo poderão levar ao desenvolvimento de novas terapias contra o VIH/SIDA (McNeil, New York Times, 11/01/2008).

Segundo o Washington Post, neste estudo Stephen Elledge, um geneticista de Harvard, e colaboradores usaram uma técnica relativamente nova chamada "genome-wide scan". Os investigadores rastrearam os 21.000 genes humanos que codificam para proteínas e bloquearam cada um individualmente para verificarem se a proteína bloqueada afectava a capacidade do VIH de infectar uma célula. Das 273 proteínas identificadas, 36 - incluindo as células T CD4+T e os receptores CCR5 que o VIH usa para aderir à superfície das células - tinham sido anteriormente identificadas e associadas ao VIH. Segundo o Post, embora seja provável que nem todas as 273 proteínas sejam necessárias para a transmissão e progressão do VIH, a maioria delas parecem ser.

Segundo o estudo, os investigadores descobriram um grupo de proteínas envolvidas na permissão para o VIH entrar nas células, bem como proteínas envolvidas no auxílio da ligação do material genético do VIH - chamado ARN - à estrutura celular que faz cópias do vírus. Além disso, os investigadores identificaram proteínas que auxiliam o VIH a entrar no núcleo da célula, bem como proteínas envolvidas no processo chamado glicosilação, no qual moléculas de açúcar se ligam à superfície externa do vírus. Sem glicosilação, o VIH não consegue infectar células humanas (Brown, Washington Post, 11/01/2008). É necessária mais investigação para determinar o papel de cada uma destas proteínas na progressão do VIH, reporta o AP/Chicago Tribune (AP/Chicago Tribune, 10/01/2008).

O estudo "fornece uma importante classe de pistas para a síntese" de novos fármacos para o tratamento do VIH/SIDA, segundo David Baltimore, um biólogo e investigador do VIH do California Institute of Technology, que não esteve envolvido no estudo (Lauerman, Bloomberg, 10/01/2008). Segundo o Post, alguns antirretrovirais disponíveis - incluindo uma nova classe de fármacos aprovada em 2003 e chamada "inibidores de entrada" - já bloqueiam algumas das proteínas identificadas neste estudo. No entanto, o estudo também identificou proteínas que "têm estado fora do radar da indústria farmacêutica", reporta o Post (Washington Post, 11/01/2008).

Segundo o Times, se os fármacos forem desenvolvidos para bloquear as proteínas, provavelmente o VIH não será capaz de se mutar num hospedeito. No entanto, bloquear as proteínas humanas poderá ser um risco (New York Times, 11/01/2008). Os investigadores disseram que "antevêem" que é pouco provável que o VIH possa desenvolver resistências a fármacos cujo alvo sejam estas proteínas porque o vírus "teria que desenvolver uma nova capacidade, e não apenas mutar um local de ligação a um fármaco" (Reuters Health, 10/01/2008). O estudo foi financiado pelo NIH, o Howard Hughes Medical Institute e a Chrohn's and Colitis Foundation os America (Bloomberg, 10/01/2008).

Reacção:

Segundo o Post, o estudo fornece "de imediato" aos cientistas "dúzias de novas estratégias para bloquear ou impedir a infecção por VIH". Robert Gallo - director do Institute of Human Virology da University of Maryland e co-descobridor do VIH, que não esteve envolvido no estudo - disse que "está provavelmente destinado a ser um dos melhores artigos sobre VIH da próxima década". Anthony Fauci, director do National Institute of Allergy and Infectious Diseases do NIH, disse que o estudo "coloca na mesa muitos processos que até este ponto eram desconhecidos" (Washington Post, 11/01/2008).

No entanto, Fauci acrescentou que "permanece por verificar se alguma destas proteínas" é "clinicamente útil". Ele acrescentou que o estudo "gera hipóteses, não soluciona hipóteses. Cria muito trabalho - alguém tem que perseguir cada um destes caminhos" (New York Times, 11/01/2008). Elledge disse que o estudo "leva a uma aceleração da investigação de curas para a SIDA", acrescentando que "parece que as pessoas estão a começar a esquecer a SIDA. Continua a ser um problema de saúde humana incrivelmente importante" (Washington Post, 11/01/2008).

29 janeiro 2008

Fantasias vendidas à la carte*


Há vinte anos no ramo, Madame Claire (nome artístico) tem agora uma vida mais recatada. Lidera com mão de ferro um apartamento no centro de Coimbra, onde trabalham duas a três meninas de cada vez. Começou como modelo em stands no Brasil e desse tempo lembra a actriz Vera Fisher como companheira de início de percurso. Já nessa altura, quando vendia carros com a beleza das suas curvas, não tinha dúvidas de que o seu negócio era só um: vender fantasias.


Vinte anos depois, fala da sua nova actividade. “A partir do momento em que o cliente entra, vem à procura de algo que não tem. Deixam de ser quem a sociedade conhece e às vezes torna-se complicado, porque ou se tornam violentos ou querem fazer coisas que as meninas não deixam. O deboche não está aqui, só recebemos o que vem de fora”, sentencia.

Fantasia, reza o dicionário, é devaneio, ficção, sonho, capricho, extravagância. Tudo adjectivos que encaixam na perfeição numa das mil definições da prostituição. Aqui encontra-se quem em dez ou vinte minutos se transforma e liberta tudo o que a sociedade não lhe permite ser. É um escape para fantasias, frustrações ou simplesmente uma descarga que em alguns casos se torna num vício.

Também as meninas que o CM encontrou na cidade dos estudantes, que falam sobretudo português do Brasil, procuram a sua quimera. Querem ganhar dinheiro rápido para os filhos estudarem nas melhores escolas privadas.

Madame Claire fala do alto da experiência de quem diz já ter visto e vivido muito. No entanto, não deixa ainda de se espantar com os homens que largam tudo para vir até às suas protegidas. “São viciados. Isto para eles é como uma droga. Trazem o dinheiro contado, às vezes até à moeda. Elas ficam deslumbradas porque de repente têm dinheiro todos os dias”, contou.

Em Coimbra, o negócio da prostituição é das brasileiras. Dominam o mercado. Chegam recomendadas por outras. Vêm na maioria de Goiás e as casas luxuosas que florescem na vizinhança criam a ilusão de que o nosso país é o eldorado. A língua, o ambiente calmo, o menor controlo das autoridades, são aliciantes que fazem do bilhete de avião para Portugal sinónimo de muitos euros e regresso ao Brasil com status.

Foi o caso de Kelly. Casou cedo e precocemente teve de fazer pela vida. Uma amiga falou-lhe de Portugal e a vontade de ver o dinheiro multiplicar-se em pouco tempo foi uma tentação demasiado forte. A realidade desiludiu-a. “O que me falaram não era verdade. Diziam que não havia pobreza, tudo era limpinho e arranjado, sem desemprego nem violência. Um mar de rosas.”

AMOR

Num meio que muitos consideram volátil e promíscuo, haverá lugar para o amor? O mito do príncipe encantado – homem que as há-de tirar da vida – é para muitas das prostitutas com quem o CM conversou mais do que um sonho distante. É uma ideia da qual não querem desistir, mas cujos resultados nos contam serem decepcionantes. Para Monique, travesti, é um desejo difícil. “É raro encontrar aqui afectos. A procura para travestis é mais profissional. Uma vez estive mesmo apaixonada, mas tudo desabou com uma traição”.

Para Madame Claire a experiência tem-lhe mostrado uma realidade bem negra. “Muitas delas pensam que vão sair da vida mas depois o namorado torna-se chulo. Dão prendas caras e vão-se aproveitando do nível de vida delas. Acabam por deixar o trabalho e passam a viver por conta delas.”

Apesar de não deixar a prostituição, Kelly teve melhor sorte. Encontrou em Portugal o amor no feminino. Tem uma namorada, também prostituta, e por isso não faz convívios com outras mulheres. “Respeito-a muito e não me sentia bem ir com mulheres.” No que diz respeito ao prazer, fazer sexo profissionalmente não modificou o gosto de estar com quem ama. “Fazer sexo com quem se gosta é totalmente diferente. Depois de estar com ela até me custa voltar a trabalhar”, diz.

Demora apenas meia hora mas a transformação é radical. Os namorados, de 36 e 23 anos, passam a ser Bianca e Ana Carolina. A maioria dos clientes quer iludir-se e pensar que não está com homens, quebrando a barreira psicológica da homossexualidade.

Não gostam de se travestir, mas o negócio assim exigiu. Triplicaram a clientela em pouco tempo. “Ao telefone dizem querer um travesti, mas ao entrarem no quarto a maior parte quer um homem. Torna-se até engraçado porque às vezes a peruca caí, vêem os pêlos, mas continuam a dizer minha querida”.

Pontualmente, Ana Carolina e Bianca juntam-se para actuações que dizem ser memoráveis. A cumplicidade faz com que às vezes não consigam evitar os risos. Aos momentos que muitos encarariam como trágicos o casal interpreta-os como cómicos. “Veio cá um homem de 85 anos e eu só temia que com a excitação o velho morresse lá dentro”, lembrou Bianca. Noutra situação, o cheiro tornou-se insuportável. “Era um moço novo, mas tive de o pôr na banheira e obrigá-lo a pagar mais dez euros.”

Esta dupla, tal como Kelly, Madame Claire ou Monique, procura alcançar o sonho: ganhar dinheiro rápido para começar uma nova vida, longe da prostituição.

"QUEREMOS ESCLARECÊ-LAS SOBRE DOENÇAS": Paulo Anjos, director técnico da associação Existências, faz trabalho de rua com prostitutas em Coimbra

Correio da Manhã – Que tipo de trabalho fazem na rua?

Paulo Anjo – Fazemos prevenção do VIH/sida, com a prostituição feminina e encontros homossexuais. São equipas de rua em que abordamos as pessoas. Queremos esclarecê-las sobre as doenças sexualmente transmissíveis (DST). Distribuímos preservativos e fazemos apoio psico-social, no qual se inclui o acompanhamento a hospitais e outros serviços de apoio.

– Em que consiste o projecto Domus?

– Começámos por fazer uma pesquisa nos jornais como qualquer cliente que as procura e fomos telefonando. Depois de algum tempo criámos uma rede de relações com as pessoas, que foram passando a palavra. A princípio reagem com alguma desconfiança, porque pensam que somos da Judiciária ou do SEF. Mas com persistência fomos ultrapassando essas barreiras.

– Como ultrapassam essas reticências?

– Temos uma grande vantagem que nos permite entrar no meio. É o material de troca: o preservativo. Faz com que consigamos aproximar-nos. Depois elas vão falando umas com as outras e começam a saber que há umas pessoas que vão junto delas e que dão apoio.

– Quais são os resultados da vosso trabalho?

– Quantitativamente é difícil de fazer uma avaliação exacta. Mas passamos anualmente questionários para perceber a evolução do seu conhecimento sobre as DST.

MARIDO NA PRISÃO LEVOU-A A IR PARA A VIDA

“No que faço custa-me tudo, mas já estou tão habituada que levo na desportiva. Foi difícil começar. No primeiro cliente que tive tomei banho de lixívia. Foi muito traumatizante. Ser prostituta acaba quando o meu marido sair da cadeia. Ele sai em condicional em Março”, contou ao ‘CM’ Drika, uma jovem portuguesa que partilha o apartamento com uma brasileira de 49 anos.

Chegou a Coimbra porque o marido ali estava detido na penitenciária, mas antes teve uma passagem por Espanha.

“Há lá muita droga e só quem fumar ou se injectar é que consegue trabalhar. O ambiente é muito pesado, os clientes são todos viciados. Ao chegar ao quarto metem sempre o carreirinho da branca para cheirar antes e depois”, disse.

MULHERES ITINERANTES NA RUA

Na prostituição de rua encontra-se normalmente mulheres com baixo nível cultural e a quem a pobreza levou a procurar no sexo pago, a solução. Muitas vezes é o próprio marido a tornar-se proxeneta. É a solução para a economia familiar subsistir. A itinerância é outra das características destas mulheres. Xana, de 47 anos, sai de Aveiro de manhã, rumo às matas de Viseu. À tarde está na zona de Condeixa, na EN1, e à noite no centro de Coimbra. Tanto movimento para um salário bem acima da média: dois mil euros. “Fazemos cinco clientes por dia com um preço de 25 euros.”

ADOLESCENTE TENTAVA ROUBÁ-LAS

Um rapaz de 15 anos pôs recentemente em alvoroço as prostitutas da Figueira da Foz. O jovem procurava-as em busca de experiências sexuais.

“O miúdo ligava-lhes e combinava com elas o encontro. Depois de entrar no quarto, sob a ameaça de faca, exigia fazer sexo com elas. Nunca chegou a magoá-las”, disse ao ‘CM’ um técnico da associação Existências, Gonçalo Barra. “Ele queria também roubá-las e tentava ir às carteiras delas. São casos que não são comunicados à polícia porque as mulheres estão ilegais”, acrescentou.

DEPOIMENTOS

"PENSA QUE CUIDO DE VELHOS": Drika | 49 anos

“O meu pai acha que estou a tomar conta de um velho, mas estou é a tomar conta de muitos. Gosto do que faço, divirto-me bastante. O melhor cliente que já tive foi um velho de 81 anos, um dos primeiros em Coimbra. Não sei se tomava Viagra, mas tinha mais fulgor do que um menino de vinte. Ficou uma hora comigo, o que muitos novos não conseguem.”

"NO APARTAMENTO É MAIS DISCRETO": Erika | 26 anos

“Num clube temos de nos sujeitar a muita coisa. Sentarmo-nos com o cliente, enrolá-lo para que comece a beber. Num apartamento é mais directo. Os clientes já sabem ao que vão e não há rodeios. Em termos de dinheiro é o mesmo, mas em apartamentos há menos riscos com a polícia e o estilo de cliente até é igual.”

"COMPETITIVIDADE É CADA VEZ MAIOR": Madame Claire | 40 anos

“A competitividade sente-se cada vez mais. O número de casas triplicou. Agora o número de casos de pessoas que estão a fazer sem preservativo está também a crescer. Quando me ligam a perguntar se fazemos sem camisinha já sei que na vizinhança o estão a fazer. Os clientes também nos contam o que as outras andam a fazer e onde o fazem.”

"FAÇO 12 CLIENTES TODOS OS DIAS": Monique | 38 anos

“Saí de casa e fui logo trabalhar para numa casa de prostituição. Foi uma decisão difícil porque na época era difícil ser travesti no Brasil. Os travestis ou se dedicavam à prostituição ou a eram cabeleireiros. Em Portugal atendo 12 clientes por dia a uma média de 40 euros. Aqui os homens são mais quentes.”

GESTOR VIRA PROSTITUTO

Era gestor de recursos humanos numa empresa de automóveis no Brasil, onde trabalhavam 800 pessoas. Uma reformulação de quadros levou-o para desemprego. Portugal foi o destino, mas a prostituição ainda estava longe. O travesti Bianca passou pelo telemarketing, uma quinta em que guardava 80 vacas em Castelo Branco e a distribuição de publicidade. Nada que desse para viver.

“A minha vida mudou completamente. Agora vou a qualquer sítio e não temos problemas em comprar o que queremos”, disse.

"UM (CLIENTE) DISSE QUERER SER COMO EU"

Desde menino no Brasil que Monique sabia querer ser uma mulher. Começou a usar as roupas das amigas que vestia às escondidas e a sentir-se atraída por amigos. Mais tarde, quando a máscara de rapaz teve de cair, assumiu o seu lado efeminado. Veio o silicone. Uma transformação feita com algum sofrimento familiar. Actualmente, os clientes que a procuram invejam-na. “Um disse que queria ser como eu. Era frustrado por não assumir. Outro cliente pediu-me para ir à casa de banho e ao sair estava de peruca e todo transformado. A fantasia dele era ser travesti.”

NOTAS

COMBATER A SIDA COM OFERTA DE PRESERVATIVOS

Seja nos apartamentos ou na rua, a Associação Existências distribui centenas de preservativos todos os dias.

Conta com 14 técnicos e seis voluntários para uma população de mais de 400 pessoas.

'PRAÇA' DURANTE 15 DIAS

Nos apartamentos as mulheres fazem ‘praça’ durante duas semanas. Nos casos de maior sucesso ficam até três meses.

INTERNET FACILITA NEGÓCIO

A internet começa a ser um meio que facilita o negócio. “Assim já sabem o que querem e o que vão encontrar”, disse Madame Claire.

PROSTITUIÇÃO LEGAL REGULARIZAVA DEZ MIL

A legalização da prostituição levaria a regularizar a situação de cerca de dez mil mulheres ilegais, segundo fontes do SEF. A maior parte delas vem do Brasil – 70 por cento – seguindo-se as mulheres dos países de Leste.

30 MIL

O negócio envolve mais de 30 mil prostitutas portuguesas e estrangeiras, movimentando 2,5 mil milhões de euros. Se a actividade fosse legal o Estado recebia 650 milhões.

METADE GOSTA DE SER PROSTITUTA

“Cinquenta por cento das mulheres que andam nesta vida gostam mesmo do que fazem. É por prazer”, disse ao ‘CM’ Madame Claire, há vinte anos na prostituição.

PREÇOS PARA TODOS OS GOSTOS

Na rua os preços não passam dos 25 euros, geralmente até são mais baixos. Nos apartamentos, os preços chegam até aos 50 euros.

GOSTOS TRADICIONAIS

Em Coimbra a maioria dos que procura a prostituição tem ainda, segundo Madame Claire, gostos conservadores. “Não são de sadomaso-quismos”, afirma.

MARIDOS PROXENETAS

Os maridos são muitas vezes proxenetas das mulheres. A actividade não cria problemas na relação pois é o único meio de subsistência.

FAMÍLIAS DESCONHECEM

A maior parte das prostitutas com quem o ‘CM’ conversou disse que a sua actividade é desconhecida das famílias. Inventam outras actividades para justificar os ganhos.

400 MIL

Estima-se que em Espanha haja 400 mil mulheres na prostituição. As máfias estrangeiras dirigem nada menos do que quatro mil bordéis em todo o País.

APARTAMENTO NUM 1º ANDAR

Bianca e Ana Carolina, dois travestis, disseram ter alugado uma casa no 1.º andar de um prédio, pois assim torna-se mais discreto para eles e para os clientes.

FILHA DESCOBRE ATRAVÉS DE FOTO

A filha de Drika, brasileira de 49 anos, descobriu o que a mãe fazia através de uma foto num jornal. “Fez um escândalo, mas não contou para o meu pai”, disse-nos Drika.


*Reportagem do Correio da Manhã

17 janeiro 2008

Proteína do Sémen Pode Ser Factor Chave na Luta Contra a SIDA


Numa recente descoberta que pode, por um lado explicar a razão pela qual o VIH é transmitido por via sexual, e, por outro, oferecer uma estratégia para o travar, cientistas Alemães identificaram uma proteína presente no sémen que aumenta o potencial infeccioso do vírus em cerca de 100.000 vezes.

A descoberta ocorreu quando cientistas da Universidade de Ulm efectuavam um rastreio molecular a amostras de sémen na esperança de encontrar alguma molécula que fosse capaz de bloquear naturalmente o VIH. Em vez disso, encontraram fragmentos proteicos que promovem a infecção por VIH por se agruparem, juntamente com proteínas virais férreas, à superfície celular.

"Esta é uma das mais interessantes novas perspectivas acerca da transmissão do VIH a surgir em anos", disse o Dr. Warner Greene, director do Instituto de Virologia e Imunologia de Gladstone em São Francisco. Segundo ele, as novas revelações podem vir dar resposta a uma questão que há muito deixa os investigadores perplexos: porque é que um vírus que é tão pouco infeccioso em laboratório se pode transmitir de um modo tão eficiente através de contacto sexual. Os cientistas descobriram que são necessárias entre 1.000 a 100.000 partículas de VIH para produzir com sucesso uma infecção em laboratório. Mas quando são adicionadas as proteínas recém-identificadas, isso pode ser conseguido com um número tão reduzido de partículas virais quanto três.

Esta descoberta levanta, por outro lado, a possibilidade de que bloquear a molécula – à qual foi atribuída a designação de Potenciador de Infecção Viral Derivado de Sémen, ou PIVDS (Semen-Derived Enhancer of Virus Infection , ou SEVI, em inglês) – pode tornar muito mais difícil a transmissão do VIH.

Podem agora ser conduzidos novos estudos para averiguar qual a prevalência da proteína no seio de populações em risco, declarou o Dr. Jay Levy, virologista na Universidade da Califórnia - São Francisco e um dos primeiros investigadores a isolar o VIH. Sémen proveniente de homens infectados com VIH cujos parceiros permanecem não infectados apesar de manterem relações sexuais desprotegidas, por exemplo, pode ser analisado para verificar se a proteína está presente ou se esta encontra de algum modo bloqueada.

O relatório completo, "Semen-Derived Amyloid Fibrils Drastically Enhance HIV Infection" foi publicado na revista Cell (2007;131:1059-1071).

San Francisco Chronicle (12.14.07):: Sabin Russell

10 janeiro 2008

CE aprova comprimido único contra VIH


A Comissão Europeia (CE) aprovou um tratamento contra o vírus da sida composto por um único comprimido por dia. O fármaco – Atripla – combina três drogas já existentes e já foi licenciado nos EUA no passado mês de Julho.

O medicamento, criado por três laboratórios – Gilead Sciences, Bristol-Myers Squibb e Merck – é qualificado como uma revolução no tratamento de pacientes seropositivos. Agora é possível trocar as dezenas de comprimidos que os doentes infectados com o VIH ingerem diariamente por um simples comprimido.

Inicialmente, a aprovação do uso do medicamento pelas autoridades europeias faz com que Atripla seja disponibilizado para seropositivos na Alemanha, Áustria e no Reino Unido.

http://www.cienciapt.info

09 janeiro 2008

Sobre a Associação Existências...


A Associação Existências é uma associação de Solidariedade Social, sem fins lucrativos, dotada de autonomia administrativa e financeira. Tem como principal objectivo a promoção e protecção da saúde, nomeadamente, através da prestação de cuidados preventivos, curativos e reabilitativos.

A Existências tem como missão criar soluções para problemáticas da sociedade como o apoio a crianças e jovens; apoio à família e à comunidade; apoio à integração social e comunitária; educação e formação dos cidadãos e técnicos; apoio à integração socioprofissional da população desfavorecida; intervenção na população do meio prisional; protecção dos cidadãos na velhice e invalidez, e em todas as situações de falta ou diminuição de meios de subsistência ou capacidade de trabalho; apoio ao cidadão com deficiência; intervenção na pobreza e exclusão social.